terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A História da Língua Escrita




Escrito por André Gazola como Lingüística

A língua escrita é uma das formas assumidas pela língua, postula Geoffrey Sampson (1996: 7s). Esta é uma citação corajosa, se considerarmos que a lingüística do século XX tem dedicado muito de seu empenho � língua falada, vista como a mais “natural”.
A história (e a pré-história) da escrita acompanha o próprio desenvolvimento da civilização. Leroi-Gourhan (mencionado por Dubois et alii 1973) situa a origem da escrita 50.000 anos antes de nossa era (com incisões regularmente espaçadas em pedra ou osso) e em 30.000 anos antes da nossa era (figuras gravadas ou pintadas). Os pictogramas constituem a primeira grande invenção do homem no domínio da escrita.
Outra é a posição de inúmeros estudiosos, como Sampson (p. 47 s.), que registram a escrita suméria como a mais antiga, levando em conta seu caráter de escrita e não de pintura. Esta cultura antiga da Mesopotâmia, a dos sumérios, (mais tarde absorvida pelos babilônios) criou as primeiras cidades. Nela surgiram também os primeiros escribas. Sua escrita arcaica era utilizada para fins administrativos, tais como o registro de pagamento de impostos. Esta escrita arcaica posteriormente evoluiu para a técnica cuneiforme, que era organizada em tabuinhas de argila.
A civilização egípcia, anos depois, desenvolveu a escrita hieroglífica, constituída de belos sinais encontrados em suas tumbas e monumentos. Os egípcios registraram textos religiosos e documentos importantes em papiros.
Surgiram várias classificações dos tipos de escrita. E a de M. Cohen (apresentada por Dubois et alii 1973) é uma das mais conhecidas. Ele distingue três etapas:
A dos pictogramas, arcaica e figurativa, que representa do conteúdo da língua;
A dos ideogramas, signos que representam de modo mais ou menos simbólico o significado das palavras;
A dos fonogramas, signos abstratos que representam elementos de palavras ou de sons, como nas escritas alfabéticas.
Os sistemas de escrita rumam para uma economia cada vez maior. Os sistemas pictográficos, mais antigos, eram pouco explícitos para quem não fizesse parte da comunidade; os sistemas ideográficos são extensos, no sentido de exigirem um signo para cada objeto; as escritas alfabéticas ou silábicas, por sua vez, permitem registrar uma infinidade de mensagens com um mínimo de signos.
Mas, se tivéssemos que defini-la, o que é escrita?
“Escrita é uma representação da língua falada por meio de signos gráficos.”
diz o dicionário de lingüística de Dubois. E continua mais adiante:
“A fala se desenrola no tempo e desaparece; a escrita tem como suporte o espaço, que a conserva.” (p. 222)
Escrita alfabética é a que recorre a signos para representar determinados sons. A princípio, os alfabetos costumam ser silábicos; depois, passam a ser fonéticos.
Os fenícios da antiga cidade de Biblos desenvolveram, cerca de mil anos antes de Cristo, um sistema de escrita formado por 22 signos silábicos. Esta escrita, devido a sua simplicidade, rapidamente espalhou-se entre os outros povos semitas, e mais tarde atingiu a Pérsia e a Índia. Divulgou-se também em sentido oeste, e foi adotado pelos gregos. As vogais não eram indicadas nos sistema silábico fenício; os criadores do alfabeto completo foram, assim, os gregos.
Bibliografia:
DUBOIS, Jean et alii. Dicionário de lingüística. São Paulo, Cultrix, 1973.SAMPSON, Geoffrey. Sistemas de escrita. São Paulo, Ática, 1996.

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