Por André Gazola
Lendo.org
No ano de centenário da morte desse que foi o maior escritor brasileiro e um dos maiores da história, nada como relembrar — ou conhecer — algumas das magníficas citações criadas pelo bruxo do Cosme Velho.
Machado de Assis pode não ser a leitura preferida de muitos amantes da literatura, mas sem dúvida é uma figura que merece respeito por ter revolucionado os rumos da criação literária no Brasil.
Bem por isso, as duas primeiras citações que selecionei falam de dois aspectos dessa literatura, bem no estilo machadiano.
O maior pecado, depois do pecado, é a publicação do pecado
Há sempre uma qualidade nos contos, que os torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos
Não se ama duas vezes a mesma mulher
O amor é o egoísmo duplicado
Lágrimas não são argumentos
A melhor definição de amor não vale um beijo de moça namorada
em “O Espelho”
Eu sinto a nostalgia da imoralidade
Está morto: podemos elogiá-lo à vontade
Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado
Gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou
em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”
Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito
em “Verba Testamentária”
A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente
em “Dom Casmurro”
A mentira é muita vez tão involuntária como a respiração
em “Dom Casmurro”
A moral é uma, os pecados são diferentes
em “Quincas Borba”
Palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies
em “Histórias sem Data: Primas de Sapucaia”
Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer
em “Carta a Joaquim Nabuco”
Importuna coisa é a felicidade alheia quando somos vítima de algum infortúnio
Atrás de toda a ação, há sempre uma intenção
O amor é o rei dos moços e o tirano dos velhos
Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem
O melhor drama está no espectador e não no palco
O ridículo é uma espécie de lastro da alma quando ela entra no mar da vida; algumas fazem toda a navegação sem outra espécie de carregamento
Não há decepções possíveis para um viajante, que apenas vê de passagem o lado belo da natureza humana e não ganha tempo de conhecer-lhe o lado feio
O tempo, que a tradição mitológica nos pinta com alvas barbas, é, pelo contrário, um eterno rapagão; só parece velho àqueles que já o estão; em si mesmo traz a perpétua e versátil juventude
Porque não há raciocínio nem documento que nos explique melhor a intenção de um ato do que o próprio autor do ato
A vida é uma enorme lotaria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra
Meu amigo, a imaginação e o espírito têm limites; a não ser a famosa botelha dos saltimbancos e a credulidade dos homens, nada conheço inesgotável debaixo do sol
Prefiro cair do céu a cair de um prédio de dois andares
Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão
Escrever é uma questão de colocar acentos
O coração é a região do inesperado
Alguma coisa escapa ao naufrágio das ilusões
As melhores mulheres pertencem aos homens mais atrevidos
Sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, é de bom aviso trazê-los contigo para os discursos de sobremesa, de felicitação ou de agradecimento
A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal
terça-feira, 29 de abril de 2008
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